Numa gélida noite, olhava desgrenhado
com o frio, para o fundo de uma rua. Fixei a luz de um candeeiro lá ao fundo… e
de repente, veio-me à ideia de como seria eu mesmo, ali, naquele mesmo lugar, naquele
instante. É como que se alguém tirasse uma foto por trás de nós, mas cujo
obturador está cá dentro! Uma leve sombra… um suspiro, um pressagio autêntico
de que algo está connosco. Quando fecho os olhos, observo-me… Um corpo ali
prantado. O ar que exalo a 37 graus deixa uma névoa brilhante no frio da noite.
Mais brilhante até, porque a lua ilumina aquela condensação mágica até longe… e
ali fico. Observando agora outras coisas, que o físico DELE não consegue
entrever.
Vejo como a minha Alma me vê. De longe e de perto. Sinto como que uma
vontade extraordinária de trocar de posição… e… sinto isso! Quiçá um recado em
noite de lua cheia. Quiçá uma vontade que deambula no espaço entre eu e o
mortal. Eu? Ainda agora sei quem era… Mas agora não sei quem quero ser… Se Alma
se mortal… pois que, quando um mortal e a sua alma olham no mesmo sentido, há
uma simbiose perfeita. Acarretam sentidos mútuos… será? Será que a Alma sente o
que estou a sentir? Tudo é hollywoodesco. Perfeito!
Encontrei-te!
Sem pedir, presenteaste os meus
defeitos com virtudes e alentos. O detalhe está nos teus gestos, nas palavras,
que são sentidas de quando em vez no sitio mais intimo do nosso Eu. As vozes em
uníssono a silabar um sim, mas repreendidas com um olhar, porque o sim era de
cada um, sem saber que o iam declarar… suspiros arquejantes e silêncios que se
dizem apenas com um olhar!
Odeio-te!
Agora tenho a certeza que as almas
gémeas nascem juntas… e trocar contigo não dá minha Alma… a tua reacção a este
desabafo é intemporal, incomensurável… e eu por cá, vou morrendo… por ti!