Sabemos
que o tempo está aqui connosco, coabitamos com ele. Por vezes é motivo para uma
boa tertúlia à moda antiga, onde tempo é coisa parca para tanta conversa
interessante. Podemos navegar de uma forma intemporal conseguindo manter a
mente abstrata das perniciosidades que nos rodeiam, podemos sorrir, podemos
demorar um abraço, podemos eternizar um beijo! O tempo, não é mais do que um
amigo sensível. A sua voz, ora de barítono, ora de tenor, é capaz de nos moldar
a conceção do incerto e do certo, do amor e do ódio, do desejo e da impotência,
é capaz de voar com a nossa mente até onde essa amizade começou, sem que para
isso seja necessário pedir autorização. E bem lá no fundo, só quer o nosso bem-estar,
alegrar o nosso dia, captar um momento e com ele, sorrir. E quantos sorrisos
cabem num pedaço de tempo? Cabem muitos. Cabem aqueles que conseguirmos perdoar
– com o passar dos anos, acredito que cada um de nós reaprenderá a sorrir todos
os dias – cabem sorrisos cobertos de alegria e de desilusão. Sim, desilusão,
daquelas deceções que o tempo, o nosso amigo sensível, se encarrega de inflamar
as nossas mentes de quando em vez, para nos moldar o ego. Tem tanto de
impiedoso e insensível, como de permissivo e humano. Impiedoso na medida em que
talha o rosto de cada um, como lhe dá na real gana e de uma forma irreversível,
não sendo pois, possível, escolher que parte de nós suportará a maior parte da
marca da sua passagem, por outro lado, a forma permissiva com que encaramos isso,
é a simbiose perfeita dessa passagem, tangível apenas por aqueles que conseguem
sentir, por dentro, a importância de sorrir todos os dias, pois que, por fora,
é o tempo quem sorri por nós!
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