sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Aguarela do outono



Estão como que escondidas. As poucas folhas do outono ainda agora começaram a cair das árvores que as seguravam. Lentamente caiem no chão e este transforma-se num lindo manto dourado. Por baixo das folhas moram pequenas formigas voadoras que fruem agora de um telhado seco que as protege das primeiras chuvas, enquanto aguardam a boleia do primeiro cogumelo que brota da terra, para sacudirem as asas.

Um manto dourado… estalante!

Um cenário numa aguarela retratada na minha mente, com o titulo: “sou o outono”!

O vento sopra agora mais frio que antes. É como que um arrepio e aconchego ao mesmo tempo. Tal como a camisola de lã vestida em cima da pele, o frio entra pela malha grossa da camiseta, mas de resto extinto pelos filamentos que roçam directamente na pele e a aquecem de novo. As sandálias ganham cabedal e sola grossa e vão sonorizando a quebra das folhas no chão, por onde caminha a Alma procurando do outro lado da aguarela um refúgio para sustentar a beleza que ali existe.

(Entretanto)

As pinceladas começam agora a enodoar a tela com tons cinza. Será que não podemos ficar com um céu azul?

A Lei cruel do inconsciente é assim mesmo. Os sonhos que idealizamos e gostaríamos de partilhar com a realidade, não passam disso mesmo. De sonhos!

Antes que o vento levante o ténue telhado das formigas voadoras, ou uma vassoura trajada de pincel borre a minha aguarela, vou submergir neste pensamento e sonhar mais uma vez!

Como a natureza é bela! Nós é que damos cabo dela!

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