Estão
como que escondidas. As poucas folhas do outono ainda agora começaram a cair
das árvores que as seguravam. Lentamente caiem no chão e este transforma-se num
lindo manto dourado. Por baixo das folhas moram pequenas formigas voadoras que fruem
agora de um telhado seco que as protege das primeiras chuvas, enquanto aguardam
a boleia do primeiro cogumelo que brota da terra, para sacudirem as asas.
Um manto
dourado… estalante!
Um cenário
numa aguarela retratada na minha mente, com o titulo: “sou o outono”!
O vento
sopra agora mais frio que antes. É como que um arrepio e aconchego ao mesmo
tempo. Tal como a camisola de lã vestida em cima da pele, o frio entra pela
malha grossa da camiseta, mas de resto extinto pelos filamentos que roçam directamente
na pele e a aquecem de novo. As sandálias ganham cabedal e sola grossa e vão
sonorizando a quebra das folhas no chão, por onde caminha a Alma procurando do
outro lado da aguarela um refúgio para sustentar a beleza que ali existe.
(Entretanto)
As pinceladas
começam agora a enodoar a tela com tons cinza. Será que não podemos ficar com
um céu azul?
A Lei
cruel do inconsciente é assim mesmo. Os sonhos que idealizamos e gostaríamos de
partilhar com a realidade, não passam disso mesmo. De sonhos!
Antes
que o vento levante o ténue telhado das formigas voadoras, ou uma vassoura
trajada de pincel borre a minha aguarela, vou submergir neste pensamento e
sonhar mais uma vez!
Como a
natureza é bela! Nós é que damos cabo dela!
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