sexta-feira, 22 de setembro de 2017

caminhos...



Seguir, e por qual caminho seguir?

A dicotomia intrínseca leva-nos pelos caminhos mais estreitos e longos. Temos segundos para pensar e escolher qual a tatuagem que vamos produzir no corpo e mostrar ao mundo a tinta que escolhemos. Um rótulo, uma fivela cinturada nas costas ou um beijo ruidoso sugando o sangue até à epiderme. Qual? Qual a marca da existência? Estamos presos à esperança e pacatez de um silêncio estrepitoso que subtrai minutos à nossa vida, porque acreditamos piamente que iremos conseguir alcançar aquele sonho, aquela meta, aquele objetivo tão importante…

O relógio não pára! O tempo reduz-se aos ponteiros de um objeto para o qual as nossas iris estão constantemente a focar. O anelante respirar de quem busca chegar ao fim da corrida em primeiro, faz esquecer por instantes o percurso controverso que ficou para trás.

O relógio não pára! Ziguezagueamos paredes infinitas e com escadas sem degraus. Trepamos árvores sem ramos, e conquistamos um céu que não é nosso.

O relógio não pára! O nosso pé ante pé decidido por um autocolante que a vida sorteou sem o nosso consentimento. Mas nós acreditamos, vivemos acreditando na expectativa de sermos aquilo que não fomos.

O relógio não pára!

Parou. O tempo.

A meta está mesmo ali. Por segundos olhamos para o horizonte cinzento que deixámos na retaguarda. Descalçamos os sapatos, tiramos as várias máscaras que usámos. Tudo é muito cinéreo. As cores dos sorrisos ficaram presas às tarefas. Os trevos da sorte plantados para chegar aqui, secaram. E quem somos nós? Somos aquilo que não fomos. Somos quem não somos. Vivemos como não deveríamos ter vivido. Uns descontentes focalizados, materiais de uma vida abstracta e descolorida, capaz de trucidar aqueles momentos impetuosos, em que quisemos mudar a nossa trajectória à força.

Não fomos felizes, e nisso temos culpa!

nc

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